Como calcular o custo de um produto? [Guia Completo]

10 minutos

Quando compramos um produto, costumamos enxergar apenas o preço final na etiqueta, mas por trás desse número existem várias etapas e despesas que influenciam a precificação. Para chegar a um valor de venda ideal, é essencial levar em conta todos os custos envolvidos na produção e comercialização.

Segundo o E-commerce Brasil, entender o custo de um produto envolve muito mais do que apenas definir o preço de venda. É essencial mapear todos os gastos diretos e indiretos, incluindo investimentos em marketing, publicidade, comunicação com clientes e parceiros, logística e manutenção dos produtos.

Muitos empreendedores iniciantes costumam ter dúvidas na hora de definir um valor justo para seu produto ou serviço. Por isso, entender como calcular o custo de um produto é crucial para garantir que o negócio não sofra perdas por causa de erros na precificação.

Pensando nisso, preparamos um guia prático sobre como calcular o custo de um produto, quais os pontos devem ser incluídos na formação do valor de venda, garantindo uma precificação mais segura, estratégica e sustentável, para garantir uma saúde financeira para o seu negócio.

O que é custo de um produto?

Quando tratamos do custo de um produto, não estamos falando de estimativas ou valores hipotéticos. Esse custo representa, de forma exata, os gastos efetivamente realizados para a criação do produto ou do serviço, refletindo todo o investimento feito nas etapas já concluídas.

Por isso, é importante ressaltar que o valor do custo de um produto só pode ser determinado depois que o processo produtivo é finalizado, pois é nesse momento que todos os recursos utilizados ficam devidamente registrados e mensuráveis.

Imagem de uma pessoa em pé com um balão de texto com um cifrão e várias moedas proximas e uma lampada gigante ao fundocomo calcular o custo de um produto

Como calcular o custo de um produto?

Calcular corretamente o custo de um produto é essencial para manter a saúde financeira do negócio e garantir competitividade no mercado. Para chegar a esse valor, o empreendedor precisa considerar alguns fatores que influenciam diretamente no resultado final.

Entre eles, destacam-se dois pilares fundamentais: os custos e despesas envolvidos na produção e operação e a margem de lucro que a empresa deseja alcançar.

Não basta apenas somar o gasto com a produção ou a compra do produto; é necessário incluir outras variáveis que impactam o valor final, como logística, taxas, tributos e estratégias comerciais. A seguir, vamos detalhar cada componente.

Vale destacar que utilizamos valores e exemplos ilustrativos, que podem variar de acordo com cada setor e região.

1. Custos e despesas

O ponto de partida é identificar todos os custos ligados à operação. Eles se dividem entre fixos e variáveis, cada um com papel importante na composição do custo de um produto.

Antes de definir o preço, é importante entender a diferença entre custo, despesa e perda:

  • Custo: valor gasto na produção ou aquisição do produto;
  • Despesa: gastos relacionados à venda ou comercialização do item;
  • Perda: despesas imprevistas que não trazem retorno financeiro.

Diferenciar esses elementos ajuda a visualizar onde é possível reduzir gastos ou evitar desperdícios. O ideal é buscar um equilíbrio saudável: manter os custos de produção enxutos, controlar as despesas operacionais e minimizar as perdas.

Os custos fixos são aqueles que permanecem praticamente estáveis, mesmo que as vendas oscilem. Alguns exemplos incluem:

  • aluguel do espaço comercial;
  • contas de serviços básicos (energia, água, internet) na parte fixa;
  • salários administrativos;
  • pró-labore dos sócios;
  • manutenção de sistemas (como ERP e CRM);
  • serviços contábeis;
  • seguros;
  • aluguel de máquinas e equipamentos.

Já os custos variáveis, por outro lado, aumentam ou diminuem conforme o volume de produção ou vendas. Entre eles podemos citar:

  • matéria-prima e insumos;
  • embalagens;
  • comissões de vendas;
  • taxas de plataformas de pagamento ou marketplaces;
  • impostos sobre as vendas;
  • frete (quando pago pelo vendedor);
  • publicidade paga (como Google Ads e Meta Ads);
  • consumo de energia ligado diretamente à produção.

Uma fórmula simples para identificar o custo total é:

CT (Custo Total) = CD (Custos Diretos) + CI (Custos Indiretos) + CF (Custos Fixos) + CV (Custos Variáveis)

2. Margem de lucro

Com o custo total em mãos, o próximo passo é definir a margem de lucro, ou seja, o ganho que a empresa espera obter acima dos custos.

É importante não confundir lucro com preços altos. Negócios que conhecem bem seus custos conseguem praticar preços competitivos e ainda manter margens mais saudáveis.

Por exemplo, imagine duas pizzarias na mesma rua. A primeira vende pizzas a R$ 50, enquanto a segunda cobra R$ 45. Ambas oferecem produtos semelhantes, mas a segunda pode ter maior lucro se, por exemplo, pagar menos aluguel ou ter melhores condições na compra de insumos.

Uma gestão eficiente de custos é mais impactante para a lucratividade do que simplesmente cobrar mais caro. A margem de lucro pode ser calculada de duas formas:

  • Margem bruta: indica o lucro antes de descontar despesas fixas. Fórmula: (Preço de venda – Custo do produto) ÷ Preço de venda × 100
  • Margem líquida: considera todas as despesas e impostos, mostrando o lucro real. Fórmula: (Lucro líquido ÷ Receita total) × 100

Se um produto é vendido a R$ 100 e custa R$ 60 para ser produzido, o lucro bruto é R$ 40. Margem bruta: (40 ÷ 100) × 100 = 40%

Se ainda há R$ 20 de despesas fixas e impostos, o lucro líquido é R$ 20. Margem líquida: (20 ÷ 100) × 100 = 20%

As margens variam conforme o tipo de negócio:

  • Comércio varejista: 30% a 50%
  • Serviços: 20% a 60%
  • Indústria de pequeno porte: 15% a 30%
  • Produtos artesanais ou exclusivos: acima de 50%

Margens muito altas podem afastar clientes por causa do preço; margens muito baixas podem comprometer a sustentabilidade do negócio. O ideal é analisar concorrência, público-alvo e valor percebido para definir um ponto de equilíbrio.

3. Escolha do método de precificação

Depois de conhecer os custos e definir a margem de lucro, é hora de aplicar um método de precificação. Os mais comuns são:

Margem sobre o custo

O método mais simples: adiciona-se um percentual de lucro sobre o custo do produto. Exemplo: custo de R$ 80 e margem de 30% → preço de venda: R$ 104.

Margem de contribuição

Calcula quanto sobra da receita depois de cobrir custos e despesas variáveis. Fórmula: MC = Preço de venda – (Custos variáveis + Despesas variáveis)

Exemplo: Uma loja vende uma camiseta por R$ 50 cada. Custo variável: R$ 15 por peça. Despesas variáveis: R$ 5 por peça. Vendendo 100 peças: MC = (R$ 5.000) – (R$ 1.500 + R$ 500) = R$ 3.000

Esse valor cobre as despesas fixas e ainda gera lucro.

Markup

Multiplica o custo de produção por um fator que já embute margem de lucro e despesas. Exemplo: Custo de R$ 70 e markup de 1,8 → preço de venda: R$ 126.

Fórmula do markup: 100 ÷ [100 – (Despesas variáveis + Despesas fixas + Margem de lucro)]

4. Outros fatores a considerar

Além dos custos e métodos de precificação, é importante levar outros fatores em consideração, como os preços praticados pelos concorrentes, o mercado ajuda a identificar possíveis limites para a cobrança.

O valor percebido pelo cliente e o posicionamento e experiência do cliente podem influenciar no quanto o consumidor está disposto a pagar.

Imagem de uma pessoa em pé usando um notebook apontando para moedas em um celular gigantecomo calcular o custo de um produto

Como calcular o valor de um serviço?

Definir o preço de um serviço exige uma abordagem semelhante à usada para produtos, mas com atenção especial a fatores como tempo investido, mão de obra e conhecimento técnico.

Em vez de custos com matéria-prima, o foco recai sobre os gastos operacionais, as horas de dedicação e a margem de lucro que você pretende alcançar. A seguir, veja um guia prático para chegar a um valor de cobrança justo e sustentável.

1. Levante os custos fixos e variáveis

Mesmo que o negócio não comercialize produtos físicos, existem despesas que precisam ser cobertas. Por isso, comece listando os custos fixos, que permanecem praticamente estáveis mês a mês, como:

  • aluguel do escritório ou espaço de trabalho;
  • contas de energia, internet e telefone;
  • licenças de softwares (como ferramentas de design, edição ou gestão de projetos);
  • salários ou pró-labore;
  • honorários de contador;
  • ações de marketing e transporte.

Depois, relacione também os custos variáveis, que mudam conforme cada cliente ou serviço prestado. Alguns exemplos:

  • deslocamentos para reuniões ou visitas técnicas;
  • materiais de apoio (papel, tinta, equipamentos específicos);
  • comissões ou contratação de terceiros;
  • taxas de plataformas ou operadoras de pagamento.

Ter esse levantamento organizado ajuda a não subestimar gastos que, quando somados, podem impactar bastante a rentabilidade.

2. Estabeleça o valor da sua hora de trabalho

Calcular o valor da hora é essencial para ter uma base clara para qualquer serviço. Isso evita preços arbitrários e garante que o esforço e o conhecimento aplicado sejam devidamente remunerados.

Use a fórmula:

Valor da hora = (custos fixos mensais + lucro desejado no mês) ÷ total de horas disponíveis para trabalho no mês

Exemplo:

  • Custos fixos: R$ 2.000
  • Lucro esperado: R$ 3.000
  • Horas disponíveis no mês: 160

Valor da hora = (2.000 + 3.000) ÷ 160 = R$ 31,25

Com esse cálculo, você define um piso para seus serviços, garantindo que cada hora dedicada contribua para cobrir despesas e gerar lucro.

3. Calcule o tempo necessário para a execução do serviço

Com o valor da hora definido, estime quanto tempo é gasto, em média, para entregar o serviço contratado.

Exemplo: Se determinado projeto exige 10 horas de dedicação, o custo de execução será: 10 × R$ 31,25 = R$ 312,50

Essa estimativa dá clareza sobre quanto o trabalho efetivamente custa, antes mesmo de considerar outras despesas ou a margem de lucro.

4. Inclua custos adicionais e margem de lucro

Após definir o custo de execução, é hora de somar os gastos específicos do serviço (custos variáveis) e aplicar a margem de lucro desejada.

Exemplo prático:

  • Custo do tempo: R$ 312,50
  • Despesas variáveis: R$ 50
  • Subtotal: R$ 362,50

Se a meta for obter uma margem de 30%, use a fórmula:

  • Preço final = Subtotal ÷ (1 – margem)
  • Preço final = 362,50 ÷ (1 – 0,3) = R$ 517,85

Esse cálculo assegura que todos os custos estejam cobertos e que o negócio seja lucrativo.

5. Considere mercado e valor percebido

Além dos números, é fundamental avaliar a percepção de valor do cliente e analisar os preços praticados pela concorrência. Um serviço de alta especialização, que resolve problemas complexos ou agrega benefícios únicos, tende a permitir preços mais altos.

Portanto, adapte o valor conforme o posicionamento do seu negócio e o perfil do público-alvo, buscando um equilíbrio entre competitividade e rentabilidade.

Aprendeu como calcular o custo de um produto?

Esperamos que este conteúdo tenha sido útil para você entender como calcular o custo de um produto, facilitando a definição de um preço justo para seus produtos e serviços.

Se você deseja automatizar esse cálculo, utilizar uma planilha de precificação pode ser uma excelente solução. Por isso, não deixe de conferir nosso artigo sobre as melhores planilhas para precificação.

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